Avoando Solitário: LGBTs russos pedem socorro

sexta-feira, 26 de julho de 2013

LGBTs russos pedem socorro

Semana passada o movimento LGBT no mundo, especialmente nos Estados Unidos, se chocou com imagens e vídeos da violência que LGBTs que vêm sofrendo na Russia após a aprovação da lei anti-propaganda gay pelo presidente Vladimir Putin. Pelo que pesquisei, o assunto veio a público sobretudo devido a um artigo de opinião do ator e roteirista - e protagonista de um dos meus filmes favoritos - Harvey Fierstein publicado no The New York Times, no dia 21. No artigo, Harvey afirma que tal lei na verdade é estrategia do governo Putin de usar LGBTs como bode espigatório para desviar a atenção de suas falhas políticas. Desde que assumiu o governo, Putin vem sendo criticado a exaustão por prisões arbitrarias de manifestantes, opositores e flerte ao stalinismo. Harvey ainda cita o caso preocupante de um jovem de 23 anos que foi espancado, estuprado com uma garrafa de cerveja e teve o crânio esmagado após revelar ser gay a amigos em Volgogrado, sul do país.  

Eis um trecho do artigo pra entender o que diz a lei agora em vigor: "Apenas seis meses antes de a Rússia hospedar os Jogos de Inverno de 2014, Putin assinou uma lei permitindo que policiais prendam turistas e estrangeiros que suspeitem ser homossexuais, lésbicas ou “pró-gay", e detê-los por até 14 dias … No começo de junho, Putin assinou ainda um outro projeto de lei anti-gay, classificando “propaganda homossexual" como pornografia. A lei é ampla e vaga, de modo que qualquer professor que diz aos alunos que a homossexualidade não é ruim; nenhum pais que dizer seu filho que homossexualidade é normal, ou qualquer pessoa que faz declarações pró-gays considerados acessíveis a alguém menor de idade é agora sujeito a prisão e multas. Até mesmo um juiz, advogado ou legislador não pode discutir publicamente para a tolerância, sem a ameaça de punição." Depois, dia 22, o site BussFeed publicou 26 fotos da repressão policial russa a manifestantes lgbts que marchavam contra a homofobia no país. O post foi traduzido aqui pelo site Os Entendidos

Mas o assunto só atingiu maiores proporções a partir de um post (24) do Dan Savage, escritor e ativista LGBT, em que propos boicote as principais vodkas russas. Sua campanha, tuitada como #DumpStoli, recebeu adesão do grupo ativista novaiorquino Queer Nation e de do grupo RUSA LGBT, este que pedia boicote aos jogos de inverno, já descartado por grande partes de ativistas. Em vez de convocar que não compareçam ao evento, jogando anos de treinamento água abaixo,sugerem alguns que os esportistas manifestem abertamente apoio a LGBTs e direitos humanos no país. Pra compreender melhor o contexto que vive a Russia atualmente, o que levou a aceitação da maior parte do povo russo e o que diz Dave a seguir, é preciso lembrar que a homossexualidade no país só foi descriminalizada em 1993. Antes disso, gays eram presos e enviados para campos de trabalhos forçados conhecidos como Gulag, na Sibéria. Comunistas, e a esquerda de modo geral, consideravam a homossexualidade como “contra-revolucionária" e uma “manifestação da decadência da burguesia". Dito isso, Dave escreve: "Estas leis anti-gays vêm depois de anos de ataques crescentes sobre os eventos do orgulho gay e as pessoas LGBT em Moscou e São Petersburgo. Governo da cidade de Moscou proibiu paradas de orgulho por 100 anos, em São Petersburgo um pequeno grupo de manifestantes de direitos LGBT foi atacado por uma multidão violenta no início deste verão. Estes ataques não são novos e estão piorando." Soma-se o fato de haver no país uma tradição de décadas de repressão a homossexuais por parte dos comunistas a opiniões conservadoras e rígidas da Igreja Ortodoxa Russa

Hoje, 26, o jornal inglês The Guardin publicou uma nota em que esclarece o equivoco de Dan Savage ao sugestionar boiciote a uma voska de oriegem russa fabricada na Estônia. "Em uma carta aberta publicada esta semana, Val Mendeleev, o chefe do grupo SPI, condenou o governo russo para “limitar os direitos da comunidade LGBT", e observou que o Estado russo não tem propriedade ou controle da marca, que é produzido na Letónia. Em sua página no Facebook, a empresa registrou uma leitura bandeira multicolorida: “Vodka Stolichnaya premium está forte e orgulhosa com a comunidade LGBT global contra as ações e crenças do governo russo." Stolichnaya (…) foi produzida pelo estado na União Soviética e era supostamente a vodka favorita de Boris Yeltsin. Depois de uma tentativa por parte do Estado russo para recuperar o nome da marca na década de 2000, SPI Group, que tem sede em Luxemburgo, produziu Stolichnaya na Letónia usando ingredientes russos. Enquanto isso, o Soyuzplodimport estatal produz um vodka quase idêntico na Rússia." 

Na caixa de comentários, um leitor questiona o equivoco de Dan em boicotar as principais vodkas russas. O mesmo, aliás, que militantes na Russia fizeram, e tantos outros mundo a fora. Eis um belo comentário que não põe em dúvida sua inteligencia e escolha assertiva neste caso:
 4 PEOPLE, 5 COMMENTS
How is a boycott of Russian vodka intended to be of any value? If successful, which is unlikely, it will only harm the manufacturers and employees of the distilleries that produce it.
  • I don't think Dan Savage et al are imagining that a boycott of one product will bring the Russian economy to it's knees, so clearly it is a symbolic gesture meant to bring attention to what's happening in Russia.


BrianKR Como é que um boicote a vodka russa pretende resolver isto? Se bem sucedido, o que é improvável, vai apenas prejudicar os fabricantes e funcionários das destilarias que produzem.

crankyreader Eu não acho que Dan Savage está imaginando que um boicote de um produto trará a economia russa de joelhos, então é claro que é um gesto simbólico e pretende chamar a atenção para o que está acontecendo na Rússia.  

Conseguiu lindamente. Segundo passo: conquistas efetivas. Até lá!

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